Changing Myself


Resolvi postar só o começo de uma história minha. Aí vai:

Eu ainda lembrava os gritos, eu os escutava. Eu ainda via o sangue escorrendo, eu sentia todo ele jorrando de minhas veias; todo o meu desespero. Era como se eu estivesse passando por aquilo outra vez, e então, meu desespero aumentava. Tentava sair dali, mas a dor era paralisante, só permitia que eu gritasse por ajuda, ali era dez vezes melhor, pois eu estava morrendo sozinha, e não havia nenhum de meus parentes ali para eu ver sofrendo e suplicando por algo que não chegaria tão cedo. Esperneei o máximo que conseguia, mas não pude obter nenhum resultado. Logo, percebi que estava chutando algo macio, minhas pernas enroscavam-se em alguma coisa, e minha cabeça repousava em algo fofo e com cheiro de shampoo.

Quando abri os olhos, exaltada, percebi que estava de volta em meu quarto, e que tudo havia sido apenas um sonho. Seria bom, porém, que tudo fosse como o sonho. Que eu morresse e todos que eu amo estivessem vivos, algo que valeria muito mais do que minha vida, muito mais do que tudo que consegui.
Encarei todos aqueles pôsteres colados nas paredes de meu quarto, tentando analisar os sorrisos superficiais feitos especialmente para aquela foto. Tentei vincular esse tipo de coisa nos momentos em que eu tinha de sorrir forçadamente a pedidos de fotógrafos. Aquilo fazia eu ter repulsa de mim mesma. Minhas pernas doeram quando me levantei relutante de minha cama quente e tão convidativa. Andei mancando até a janela, e fitei o céu e a rua. Aparentemente iria chover naquele dia; o céu era medonho, coberto por nuvens carregadas. De súbito, ouvi meu celular tocar a melodia de “I wanna Hold Your Hand” dos Beatles. Suportando a dor na perna, corri até o criado mudo agarrando meu celular sem nem olhar a tela.

[...] Desliguei o telefone o jogando na cama. Particularmente, eu já não estava suportando a minha vida, e a idéia de me suicidar não parecia tão ruim. De certo modo minha agente, Carmen Halloway, me irritava de uma maneira revoltante. Ela era atenciosa, responsável e simpática. Mas... Nunca parecia se importar realmente de como eu me sentia. Tanto fisicamente como emocionalmente. Eu, apenas uma adolescente, e já com planos de suicídio. Trabalhar como modelo era um pesadelo, em minha opinião. Sim, pode-se dizer que tudo era muito irônico, muito mais realista, e não como um conto de fadas. Era inexplicável, mas eu gostava disso.

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